Ensino de como melhorar e aperfeiçoar a sua guitarra

Ensino aqui alguns macetes para que você melhore a performance de sua guitarra para sons pesados, rápidos, agressivos e virtuosos.

Paul Gilbert, John Petrucci, Steve Vai e Joe Satriani. À medida que os músicos aprimoram sua técnica, vão também personalizando suas guitarras para que elas, de certa forma, evoluam e possam assim acompanhar o desempenho deles.
Com o passar do tempo, guitarristas e luthiers foram aprendendo, inovando, criando fórmulas para adequar melhor a guitarra às técnicas e performances do artista moderno.
Uma das exigências mais requisitadas é a ação baixa de cordas, que facilita a execução de frases e licks rápidos. O músico, porém, tem de estar preparado para esse tipo de ação. É preciso ter uma mão direita leve para que não ocorram trastejamentos indesejáveis. É necessário ainda que o instrumento tenha sido projetado para tal exigência.

Para proporcionar uma ação baixa, o braço da guitarra não pode ter torções nem empenamentos. Pois, nesse caso, haverá trastejamentos, impossibilitando o ajuste de seu som. Seu luthier poderá detectar esses problemas caso eles existam.

Outro fator determinante é o radium (abaulamento) da escala. Ele não pode ser muito acentuado. Se assim for, proporcionará trastejamentos quando o músico executar bends.
O abaulamento, quando não acentuado demais, permite uma ação mais baixa sem que ocorram trastejamentos nos bends. Mas, ainda assim, o instrumento não poderá apresentar nenhuma torção ou empenamento.

Se o músico desejar, o abaulamento da escala poderá ser corrigido por um luthier. Essa operação, entretanto, além de cara (por volta de R$200,00) é um pouco demorada pelo fato de ser necessário retirar todos os trastes do braço do instrumento (foto 04) e, em seguida, deixá-los planos.

Logo após esses procedimentos serão colocados trastes novos. Embora seja possível a utilização dos antigos, é mais seguro e vantajoso substituí-los por outros ainda não usados. Depois disso, alguns ajustes deverão ser feitos para que o resultado seja superior (edição 65 de CG). Essa operação descrita serve também para correção de torções e empenamentos na escala.

Todos esses passos têm como objetivo melhorar determinadas características do instrumento para que seja possível obter uma ação baixa de cordas. Mas de nada valerá esse esforço se a guitarra não estiver regulada para atingir esse efeito.

Os itens a serem verificados e corrigidos na regulagem são os seguintes:
1) Ângulo do braço com relação ao corpo
O braço não poderá estar como uma base de lançamento de míssil, ou seja, ?inclinado para cima?. Ele deverá estar reto ou um pouco inclinado para baixo. Desta forma, é possível a obtenção de uma ação de cordas mais homogênea por toda extensão do braço.

2) Ação do tensor no braço
O braço não poderá estar nem côncavo nem muito convexo. O tensor deverá ser ajustado para que ele fique reto ou, no máximo, pouco convexo. Na medida em que deixamos o braço nessa posição, conseguimos uma ação mais baixa e macia de cordas, mas, ao mesmo tempo, tornamos o instrumento mais sensível a trastejamentos, principalmente no começo da escala.
O músico poderá verificar o quanto côncavo ou convexo está o braço da guitarra, visualizando-o lateralmente.

3) Alinhamento perfeito dos trastes
Os trastes têm de estar perfeitamente alinhados entre si para que não haja nenhum tipo de ruído, uma vez que deixaremos a ação das cordas baixa.
Para que isso aconteça, seu luthier deverá nivelar os trastes da guitarra com uma lima própria para esse tipo de operação ou com uma pedra de ?Carburundum (foto 13)?. Ela será passada sobre os trastes uniformemente e com pressão moderada (foto 14) até que o profissional deixe todos os trastes nivelados, sem amassados ou marcas causadas pela pressão do dedo do músico sobre as cordas. ?Esses desníveis? necessitam ser retirados para que os trastes voltem a ter seu alinhamento perfeito.
Após esse serviço, o luthier usará lixas de número 240 com para retirar riscos e imperfeições deixadas pelo processo anterior; mais detalhes sobre alinhamento de trastes você encontra na Revista Cover Guitarra nº64.
Agora, com limas próprias para a operação, o luthier irá alinhar as laterais dos trastes e devolver sua forma arredondada, retirada também pelos processos anteriores.
Usando lixas de número 600 e 1200, respectivamente, é dado o polimento nos trastes, que irá retirar totalmente até mesmo os pequenos riscos. Finalmente, com uma palha de aço muito fina, conclui-se o trabalho de alinhamento. Agora, é só limpar e hidratar a escala (ver edições 64 e 68 de CG) e colocar cordas novas.

4) Altura das cordas no nut ou locking nut
O equilíbrio da altura de cordas no nut ou no locking nut é importante, pois, se estiver muito alto, além de tornar o toque desconfortável, pode comprometer também a afinação do instrumento. Se a ação de cordas no nut for baixa, poderá haver trastejamentos ou ruídos desagradáveis. A forma de ajuste não é das mais fáceis. O nut deverá ser regulado com o uso de pequenas limas ou serras quando as cordas estiverem extremamente altas. No entanto, quando elas estiverem baixas, as cavidades devem ser preenchidas pelo próprio material com que é feito nut, só que em pó. É preciso colá-lo com adesivo de secagem instantânea (tipo Super Bonder). No caso do locking nut, o ajuste deverá ser feito com lâminas finíssimas de latão, retirando-as ou as colocando até que se atinja a altura de cordas desejada (foto 17). Às vezes, há necessidade de retirar um pouco da madeira sob o locking nut para um melhor ajuste (foto 18).

5) Ângulo da Floyd Rose
A Floyd Rose deverá, em qualquer circunstância, estar paralela ao corpo ? reta - (foto 19) para que não haja desequilíbrio de tensão, o que causa desafinações durante o uso da alavanca.

6) Altura de cordas na ponte
Tanto em uma ponte fixa quanto em uma Floyd Rose, é necessário um ajuste específico para que se obtenha uma ação baixa de cordas. Aqui vai uma dica importante: deixe os bordões um pouco mais altos, dessa forma é mais fácil alcançar o efeito desejado. Lembre-se de que, em uma ação baixa de cordas, o instrumento fica sensível ao trastejamento e o músico deve tocar de forma mais comedida. Ajuste gradativamente as cordas de acordo com sua sensibilidade. A que tem maior sensibilidade é a E (Mi grave), depois vêm o A(Lá), o D (Ré) e as demais. Sei que parece antagônico ?deixar mais alto para ficar mais baixo?, mas, se tentar deixar todas as cordas coladas, o instrumento poderá trastejar. Na Floyd Rose, a regulagem é feita nos dois parafusos de fixação (foto 20), enquanto que no caso de um tremolo com ajuste individual, é feita nos próprios saddles.
Dessa forma, consegue-se um ajuste muito mais preciso e com variações mais homogêneas.

7) Altura dos captadores
Quem quer um som mais pesado - com maior sustentação, volume e ?ataque? - deve deixar os captadores mais altos, ou seja, mais próximos das cordas (foto 21). Mas cuidado na hora de levantá-los. Se eles ficarem juntos demais das cordas, seu padrão vibratório ficará prejudicado. Isso reduzirá sensivelmente a sustentação e o ataque, chegando a gerar inclusive sensação de discrepância na afinação. Captadores afastados das cordas (foto 22) proporcionam um som mais limpo e cristalino, entretanto, com menor sustentação.
Essas foram as dicas de como regular a guitarra para conseguir uma ação mais confortável em solos mais rápidos, por exemplo. Mas existem outros truques que podem ser aplicados em captadores e outros tipos de acessórios que possuem maior ataque e sustentação. Na próxima edição, falaremos sobre isso. Abordaremos ainda, ao longo desta coluna, assuntos como sistemas ativos, escalopes, redução de espessura e largura do braço para uma melhor performance, tipo de vernizes que não ?seguram? as mãos no momento de tocar, etc.

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